O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Instituto de Educação Roberto Bernardes Barroso (IERBB) e da Coordenadoria-Geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana (COGEPDPH), realizou, nesta quarta-feira (19/07), o evento “Reflexões sobre a Saúde Mental da População Preta”, com as psicólogas Nathalia Reis, Roberta Maria Federico, Priscila Martins Decoster e o fundador e diretor da Cia Onírica de Dança, Erik Noises.
A procuradora de Justiça Patricia Leite Carvão, coordenadora-geral da COGEPDPH, abriu a cerimônia e, logo em seguida, passou a palavra para Nathalia Reis, que apresentou o projeto ‘Pretas Prosas’. Essa iniciativa atua na luta antimanicomial e na promoção da saúde mental para a população preta. “Por muito tempo pessoas pretas tiveram suas vidas, demandas e necessidades invisibilizadas. Como sociedade, precisamos reescrever essa história de apagamento da população preta e precisamos de ações de reparação que envolvam as políticas afirmativas no âmbito do trabalho, educação e, principalmente, saúde e saúde mental”, pontuou.
Em seguida, Roberta Maria Federico compartilhou suas vivências como psicóloga escolar da rede pública de ensino e frisou a escassez de acesso e de garantias de direitos à saúde mental para crianças que vivem em áreas periféricas: “Há efeitos nefastos que o racismo traz para uma criança. Vejo diariamente esse impacto no âmbito mental. No nosso país, o acesso a profissionais psiquiátricos ainda é muito elitizado. Precisamos de políticas públicas para que essas crianças tenham seus direitos garantidos e respeitados”.
A psicóloga Priscila Martins Decoster abordou o papel da psicologia analítica no fortalecimento da identidade cultural e racial, na compreensão da herança cultural e na superação de estereótipos e preconceitos internalizados. Em seguida, Erik Noises, fundador e diretor da Cia Onírica de Dança, falou sobre como a dança pode contribuir para a construção e afirmação da identidade da população preta.
Por fim, a promotora de Justiça Roberta Rosa Ribeiro, coordenadora de Mediação, Métodos Autocompositivos e Sistema Restaurativo (CEMEAR/MPRJ), salientou que ainda prevalece um olhar prejudicial na sociedade: “Precisamos efetuar a discussão de garantia e violações de direitos com um viés racializado. Debates como esse são fundamentais para que possamos refletir mais sobre a promoção de direitos para todos. Como sociedade, não podemos mais reproduzir racismo ao impedir que um indivíduo tenha seus diretos garantidos”.
Por MPRJ